sábado, 28 de setembro de 2013

Exceção



Queria tanto centraliizar seu tempo e sua atenção em mim
Tenho ciúmes de te dividir com tantas outras coisas
Parece que ultimamente ficamos peritos em nos despedir
A exceção, para nós, são os momentos de boas vindas



Não entendo como passamos do excesso para a exceção
Numa intensidade que já é tão conhecida nossa
Aquela que embriaga cada palavra, ato, sexo de nós dois
E determina nossos passos como sapatos em nossos pés

Talvez eu esteja certa: criamos nossa realidade paralela
O que me incomoda é como não te incomoda isso
Além do fato de você viver a sua tão bem sem mim
E eu insistir em querer incluir você na minha

Paro pra pensar se estou transferindo para você
Meu tédio de viver a vida e as pessoas,
Meu enclausuramento disfarçado em sorrisos simpáticos
E meu coração triste que a cada dia chora por dentro

Queria que minha dor fosse tão alta a ponto de mais alguém escutar
E me salvasse do castelo onde, tão altos, estão meus pensamentos
Queria que você fosse meu salvador por espaços maiores de tempo
Do que aqueles em que você vem, e logo ter de me dar adeus.

Queria, por um momento, que minha vida fosse uma exceção
Não suporto a ideia de viver no lugar-comum
Quero tantas coisas, que elas não caberiam na minha mão
E quando chegasse lá, sei que cansaria da exceção.

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Quisera eu...



O ano chegou, trazendo consigo melancolias que foram escondidas por mim mesma
De fato, eu não quero ou queria me deparar com elas de novo, como tantas outras vezes
Talvez porque sinto uma agonia em carregar no meu sangue esse caranguejo que me atiça
E ser determinada sempre pelo que sinto, e não pelo que racionalmente é o correto

Prometi a mim mesma que não cairia mais nos ardis antigos e piegas que sempre me deparei
Se for pra sofrer, que seja por algo novo, inusitado, daqueles que me desafiam a inteligência o e bom-senso
Afinal, eu quis me manter segura e protegida, e ao mesmo tempo ser amada
Eu queria abraçar o mundo com meus dois braços... Devaneios de mulher

Assim como esses versos, quis liberdade, tirar as rimas e as pontuações adequadas da minha vida
Nada de chatices, nada de repetições e, principalmente, nada de sensibilidade
Ah, sensibilidade, palavra que está infincada na minha alma como um carma que tenho que carregar
Se isso é desistir de mim? Talvez... Na verdade, sinto vontade de não mais ser desse jeito

É como se houvesse um patamar além da verdade de me ser, uma outra fase
O problema seria o porquê disso, a razão, o sentido
Provavelmente, estou tentando me moldar da maneira que pessoas que eu nem conheço gostariam
E deixando de ser aquilo que as que eu já conquistei, gostam que eu seja

O que importa é ser feliz, oras... então quero experimentar todas as formas que posso fazê-lo
E se não der certo mais essa tentativa?
Aí terei que inventar outra, como tantas outras que já inventei
Quisera eu poder reinventar a que eu já tive um dia
Quisera eu que tudo tivesse sido diferente, e não que eu precisasse ser diferente.
Quisera eu que essa melancolia não tivesse me abatido...

sábado, 30 de julho de 2011

Que haja alguém que pelo menos ainda lembre de mim
Que haja alguém que um dia ainda se lembrará
Ou ao menos, que haja alguém

terça-feira, 21 de junho de 2011

Diz Nos Meus Olhos

Pensei
Que haveria um pouco mais
De amor para mim
Guardei
Cada luar
Cada verso encoberto
Nas notas da canção
Pra que?
Se um vazio me esperava
E eu não percebi
Devolve meus dias
Minha alegria
Diz nos meus olhos
Verdades ruins
Que não foi bom rimar
Cada carinho que eu fiz
Que a minha voz cantada
Nem soa tão bem
Que os nossos sonhos
Foram pesadelos
Enfim,
Mas pelo menos
Fala pra mim
Esse silêncio
É que me atordoa
Se foi tudo à toa
Volta e me deixa
Me recolho, volto ao meu mundo
O que é só meu
Tem que voltar pra mim
Me lembro quando
Você passou
Era um dia tão claro de sol
Pensei: "Meu Deus,
É um sonho!"
Meu coração feito um louco
Batuque
Por isso agora
Não me machuque
Vou te guardar como
Triste lembrança
Ninguém jamais vai me
Enganar outra vez
Eu prometo a vocês

domingo, 19 de junho de 2011

Rifa-se um coração (Quase Novo) - Clarice Lispector



Quando os pensamentos atropelam as palavras, e você não consegue nem que o papel te entenda
Quando o coração confunde todos os sentimentos e as frases não fazem sentido
Quando se acorda num dia ensolarado tendo a sensação de um dia de inverno, nublado
Quando as músicas tristes fazem sentido e arrancar um sorriso do seu rosto parece impossível
Quando as lágrimas correm sem se saber porque
Quando se sabe o porquê e as lágrimas correm
Quando se está deitado em sua cama e aquele parece o único lugar em que se quer ficar
Quando a vida segue seu rumo sem que a gente entenda ou até concorde
Quando já não há mais força pra tentar compreender sua própria vida
Quando o remédio para sua felicidade está nas mãos de outro coração
Quando chega esse momento, entendemos as palavras profundas de outras experiências, como essas:



"Rifa-se um coração quase novo.
Um coração idealista.
Um coração como poucos.
Um coração à moda antiga.
Um coração moleque que insiste em pregar peças no seu usuário.
Rifa-se um coração que na realidade
está um pouco usado, meio calejado, muito machucado
e que teima em alimentar sonhos, e cultivar ilusões.
Um pouco inconseqüente
que nunca desiste de acreditar nas pessoas.
Um leviano e precipitado,
coração que acha que Tim Maia estava certo
quando escreveu... 'não quero dinheiro,
eu quero amor sincero, é isso que eu espero...'.
Um idealista...
Um verdadeiro sonhador...
Rifa-se um coração que nunca aprende.
Que não endurece,
e mantém sempre viva a esperança de ser feliz,
sendo simples e natural.
Um coração insensato que comanda o racional
sendo louco o suficiente para se apaixonar.
Um furioso suicida que vive procurando relações
e emoções verdadeiras.
Rifa-se um coração que insiste
em cometer sempre os mesmos erros.
Esse coração que erra, briga, se expõe.
Perde o juízo por completo em nome de causas e paixões.
Sai do sério e, às vezes revê suas posições
arrependido de palavras e gestos.
Este coração tantas vezes incompreendido.
Tantas vezes provocado. Tantas vezes impulsivo.
Rifa-se este desequilibrado emocional que,
abre sorrisos tão largos que quase dá pra engolir as orelhas,
mas que também arranca lágrimas e faz murchar o rosto.
Um coração para ser alugado,
ou mesmo utilizado por quem gosta de emoções fortes.
Um órgão abestado
indicado apenas para quem quer viver intensamente e,
contra indicado para os que apenas pretendem passar pela vida
matando o tempo, defendendo-se das emoções.
Rifa-se um coração tão inocente
que se mostra sem armaduras e deixa louco o seu usuário.
Um coração que quando parar de bater
ouvirá o seu usuário dizer para São Pedro na hora da prestação de contas:
'O Senhor poder conferir, eu fiz tudo certo,
só errei quando coloquei sentimento.
Só fiz bobagens e me dei mal
quando ouvi este louco coração de criança
que insiste em não endurecer e, se recusa a envelhecer'.
Rifa-se um coração, ou mesmo troca-se por outro
que tenha um pouco mais de juízo.
Um órgão mais fiel ao seu usuário.
Um amigo do peito que não maltrate tanto o ser que o abriga.
Um coração que não seja tão inconseqüente.
Rifa-se um coração cego, surdo e mudo,
mas que incomoda um bocado.
Um verdadeiro caçador de aventuras que,
ainda não foi adotado, provavelmente,
por se recusar a cultivar ares selvagens ou racionais,
por não querer perder o estilo.
Oferece-se um coração vadio, sem raça, sem pedigree.
Um simples coração humano.
Um impulsivo membro de comportamento até meio ultrapassado.
Um modelo cheio de defeitos que,
mesmo estando fora do mercado,
faz questão de não se modernizar, mas vez por outra,
constrange o corpo que o domina.
Um velho coração que convence seu usuário
a publicar seus segredos e, a ter a petulância
de se aventurar como poeta."

domingo, 12 de junho de 2011

Paciência



Composição : Lenine e Dudu Falcão

"Mesmo quando tudo pede
Um pouco mais de calma
Até quando o corpo pede
Um pouco mais de alma
A vida não para...


Enquanto o tempo
Acelera e pede pressa
Eu me recuso, faço hora
Vou na valsa
A vida é tão rara...


Enquanto todo mundo
Espera a cura do mal
E a loucura finge
Que isso tudo é normal
Eu finjo ter paciência


O mundo vai girando
Cada vez mais veloz
A gente espera do mundo
E o mundo espera de nós
Um pouco mais de paciência...


Será que é tempo
Que lhe falta para perceber?
Será que temos esse tempo
Para perder?
E quem quer saber?
A vida é tão rara
Tão rara...


Mesmo quando tudo pede
Um pouco mais de calma
Até quando o corpo pede
Um pouco mais de alma
Eu sei, a vida não para
A vida não para não...


Será que é tempo
Que lhe falta para perceber?
Será que temos esse tempo
Para perder?
E quem quer saber?
A vida é tão rara
Tão rara...


Mesmo quando tudo pede
Um pouco mais de calma
Até quando o corpo pede
Um pouco mais de alma
Eu sei, a vida não para
A vida não para...

A vida não para..."

terça-feira, 8 de março de 2011

OFF


Amigos vêm, amigos vão
Amores foram, amores são
Corpos quentes, corpos sãos
Cabeça em frente, pés no chão

Anda, corre, pára, respira, pensa, repensa, volta a andar, volta a parar, volta a pensar, deixa de pensar e andar, e corre
Que a vida não espera quem está parado
Só corra sem pensar
Pois não te pedem mente
Te pedem só seu braço