sábado, 14 de agosto de 2010

Em tempos de crise

  

    Cadê aqueles olhos brilhantes e úmidos que contagiam pela doçura e alegria?

    Cadê aquele sorriso estampado no rosto por qualquer bobagem que pudesse ouvir?

    Cadê aquela felicidade empolgante que era irradiada em simpatia?

    Cadê aquele sentimento de liberdade que a dominava e a fazia pensar que não havia limites pra viver?

    Acho que todos esses sentimentos se esvaíram à medida que seu temperamento forte foi dominando e se impondo a prejuízo do meu.

    Acredito que todos os meus passos estão sendo regulados e que no final, há uma sentença que me julgará constantemente a ouvir e ouvir e ouvir...

ouço, presto atenção em cada detalhe, cada palavra que dói como um bisturi abrindo parte do meu passado e retirando ele juntamente com meu próprio eu.

    Não me reconheço mais. Esse nome já não é meu. Essa pele já não é minha, nem ao menos meu cabelo. Olho-me no espelho e não consigo me decifrar. Olho pro lado e parece que meus amigos não me conhecem, pois eles falam de um alguém do qual eu não faço mais questão de ser. Estou lembrando-me de amar e esquecendo de me viver.

     Amor será dar ao outro de presente a própria solidão? Se é assim, estou amando. No máximo deve ser algum tipo de tentativa errônea de aprender a amar. Se é o caso não quero mais amar. Dói e não é feliz. O amor pra mim hoje não é feliz. Minha alegria se foi, estou vestida de uma carapuça séria e rígida da qual eu mesma me puno por saber que por dentro ela não existe, está vazia. E dia a dia eu não consigo achar aquela felicidade boba e sincera que era tão fácil de se perceber.

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